25 de jun. de 2014

Enquanto A Chuva Caía - Christine M.

postado por Caleb Henrique



Novo Conceito (Selo Novas Páginas), 2014, 288 páginas. (Skoob)
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Dúvida. É isso que te faz sair de onde está. É a dúvida, e não a certeza, que te tira o sossego e bagunça o que estava indo perfeitamente bem. Foi uma dúvida que me fez sair da cama, em plena madrugada, andar a passos lentos e silenciosos em direção àquela pasta. E agora essa mesma dúvida me faz parar e temer o que vou encontrar dentro dela, pois, seja lá o que for, sei que pode me fazer perder de vez o homem que amo.


Avaliação: 5/5 + FAV.


Carregado de ação, dramas, mistérios, o toque certo de amor e doses homeopáticas de humor e sarcasmo, este é um livro pelo qual me apaixonei perdidamente e, sucessivamente, passou a ocupar lugar dentre meus favoritos.

Enquanto A Chuva Caía, obra que marca o início de uma nova fase na carreira da Christine M. (Sob A Luz dos Seus Olhos, Meus Melhores Rascunhos e O que não diz a Lenda) — agora publicada pelo Selo Novas Páginas da Editora Novo Conceito, é um livro que esperei com tremenda ansiedade, uma vez que, como beta-reader, tive a honra de ver de perto cada passo de seu nascimento enquanto, com o peito inflado de orgulho, vi a Christine conseguir me fazer mergulhar de cabeça nesse mundo onde os pecados são o estopim para o surgimento de um amor e uma atração desenfreada entre um casal aparentemente, mas nem de longe, normal [e quem de nós, afinal, pode levantar a primeira pedra e dizer que não tem lá sua própria cota de pecados?].

Erik leva uma vida dupla. Durante o dia senta em seu escritório e exerce com louvor [OU SERIA TÉDIO?] sua função de consultor, mas é durante a madrugada que ele arregaça as mangas e limpa a cidade fazendo os serviços escusos que a polícia lhe encarrega. Interrogatórios, tortura, queima de arquivo; sempre de gente da pior espécie. É assim que ele leva seus dias  ganhando bem o suficiente para bancar seu estilo de vida e auxiliar sua irmã mais velha, Clarice. Mas ser uma espécie de super-herói às avessas certamente traz seus perigos e assim, ameaçado, Erik recebe um último trabalho, uma ficha limpa e a oportunidade de recomeçar sua vida, em Nova York.

Marina, jovem demais para viuvez, carrega consigo não apenas a dor da brusca perda de seu marido, mas também o peso da responsabilidade de, após o afastamento de seu pai — agora frequentemente imerso no oceano de seu próprio passado por culpa do mal de Alzheimer, assumir a presidência da imensa empresa que sua família [não tão dignamente] ergueu e, custe o que custar, propagar o império de sua família.

É assim, assombrados pelas dores do passado e empenhados em construir um futuro, que eles se esbarram. Nenhum dos dois é inocente, mas o mistério de um atrai o outro e nesse misto de entrega e resguardo uma pergunta fica no ar: será possível uma aceitação mútua das verdades [E DAS DORES] que ambos tentam suprimir? Ou além: é possível construir um futuro mesmo depois de descobrir que nesta história não há mocinha nem herói? Eis o nosso plot.

Tem algo nela que eu não consigo decifrar, parte me diz que se eu me aproximar vai ser encrenca, e a outra diz que ao fazer isso, ela pode fugir. Mesmo assim, eu só quero poder dar mais um passo em sua direção. (pág. 89)

Por sua escrita envolvente e intimista, esse é um daqueles livros dos quais quanto mais se lê, mais se precisa ser lido. E, não importa quantas vezes tente, eu nunca serei capaz de definir o quanto a narrativa da Chris tem o poder de mexer com a mente e o coração do leitor. Intercalando cenas de ação com uma paixão ardente, eletrizante e não tão melosa — tudo na medida certa, eu diria — um ar de mistério e uma trama tão bem desenvolvida e digna de um romance do Sidney Sheldon, Enquanto A Chuva Caía consegue nos prender do primeiro ao último capítulo sem que, em momento algum, a leitura se torne enfadonha.

Entre todas as pessoas estamos nós, nos conhecendo como se tivéssemos nos escolhido pela impossibilidade, irresponsabilidade e estranheza. Eu, que escondo tanta coisa, sinto que nela existe alguma coisa que eu também não sei o que é. No entanto, não desconfio, não temo e sigo sem indagar demais. (Pág.99)

O livro conta com uma bela e bem pensada estrutura capitular onde, além de começarem sempre com algum trecho de música ou textos, os capítulos intercalam entre os personagens — e aqui me cabe o espaço de parabenizar com uma salva de palmas a Chris pelo excelente trabalho que ela fez com o Erik, personagem possuidor de características próprias e marcantes, que em momento pareceu ter sido escrito por uma mulher [E NÃO APENAS ELE]. E já que estou falando de personagens, me sinto na obrigação de citar mais um dentre os muitos personagens carismáticos desta obra: O James, melhor amigo da Marina, pupilo da empresa — e mulherengo assumido — a quem eu só consigo chamar de Jamie [E QUAL FOI MINHA SURPRESA AO VER QUE A MARINA ADERIU O APELIDO] e que em diversos momentos do livro foi a força que a Marina precisava para lidar com seus monstros e suas inseguranças.

(...) James imita meu gesto e sorri. Nós nos entendemos desde sempre e ele ainda está aqui. Espero que fique por muito tempo. A vida tem mania de me dar pessoas maravilhosas por prazos insuficientes. Foi assim como a vovó Martha, com o papai e com Adam. Espero que pare por aí e que as pessoas que estão na minha vida neste momento permaneçam por mais tempo. Por um tempo longo, seguro e tranquilo. (pág. 26)

No quesito físico o livro está impecável, a Novo Conceito fez um trabalho gráfico maravilhoso: capa linda, diagramação impecável e bela em sua simplicidade — aquela velha história, que eu amo, de conseguir fazer mais com menos — e eu não poderia ter imaginado de forma melhor.

Enquanto A Chuva Caía é um daqueles livros do qual você nunca é capaz de imaginar o tamanho da mudança que vai te trazer até tê-lo lido. É impossível ler e não refletir sobre si mesmo e perguntar-se se realmente existe alguém totalmente mocinho ou totalmente vilão. É um daqueles livros que mudam de forma sucinta e despretensiosa nossa forma de enxergar certos aspectos da vida. Carregado de ação, dramas, mistérios, o toque certo de amor e doses homeopáticas de humor e sarcasmo este é um livro pelo qual me apaixonei perdidamente e, sucessivamente, passou a ocupar lugar dentre meus favoritos. A Christine, uma vez mais, conseguiu me deixar com aquele gostinho de quero mais e o pensamento de “Puxa vida, eu adoraria ter escrito isso!” — e adoraria mesmo.

Agora, enquanto ela sorri para mim de um jeito inebriante e só meu, tenho certeza de que, seja lá o que vier, será nosso. Estamos misturados, fundidos, e ninguém separa dois lados da mesma moeda ou duas digitais da mesma nota. (pág. 286)

Você, definitivamente, precisa ler este livro, então, nada mais justo que sortear um exemplar autografado (mais um exemplar de Segunda Chance — que terá resenha em breve aqui — também autografado) por aqui, certo? Certíssimo! Leia o regulamento e toda a sorte do mundo!

SORTEIO


  • Para participar preencha o formulário abaixo. (Rafflecopter)
  • NOTA: Apenas os dois primeiros itens do formulário são obrigatórios, o restante são chances extras (algumas pessoas se confundem nesse quesito).
  • É necessário residir em território brasileiro.
  • O sorteado receberá um e-mail do blog e deve responder até 72h após o contato.
  • Resultado em 12/07/2014 


Assim me despeço, com a promessa de voltar.
E como há braços, abraços.