Dividida entre o passado — Alex, a luta pela sobrevivência na Selva — e o presente, no qual crescem as sementes de uma violenta revolução, Lena Haloway terá que lutar contra um sistema cada vez mais repressor sem, porém, se transformar em um zumbi: modo como os Inválidos se referem aos curados. Não importa o quanto o governo tema as emoções, as faíscas da revolta pouco a pouco incendeiam a sociedade, vindas de todos os lugares… inclusive de dentro.
Avaliação: 5/5
AVISO: Pandemônio é sequência de Delírio (resenha aqui) e se você não leu — e odeia spoilers tanto quanto eu — sugiro que você leia alguma outra resenha ou postagem do blog (a de Delírio, talvez), mas se você não se importa com isso, siga em frente.
Esperei quase um ano por
esta sequência e após lê-la incansável e incessantemente, afirmo: A Lauren Oliver
realmente sabe como fascinar, devastar, deixar-nos inebriados e, muitas vezes,
desesperados durante a leitura; E esse é um dos porquês dela fazer parte do meu
roll de autores prediletos.
Lena Haloway ficou no
passado, enterrada com tudo e todos que outrora preencheram seus dias. Não há
mais espaço para ela na “nova Lena”, só para o agora. Lena Morgan Jones faz
parte da resistência. Ela escolheu lutar, embora não sozinha, pela liberdade de
escolha e por uma vida livre de amarras, opressões e “zumbis”, mas
principalmente por um mundo onde não exista cura e o amor deliria nervosa não mais seja considerado uma doença. Mas essa
não é uma batalha fácil e, para ter alguma chance, a resistência precisa entrar
no jogo, custe o que custar. E, acredite em mim, o preço quase nunca é barato.
Como disse na resenha de
Delírio, acho a premissa dessa série incrível. Não me julgo fã de Distopias,
embora goste muito de todas as que li até o momento, mas acho que abordar uma
questão tão importante quanto a privação dos sentimentos (e a falta deles)
realmente inteligente e instigante. E da mesma forma que Delírio eu
simplesmente não conseguia cogitar a possibilidade de largar o livro até
termina-lo — nem depois.
A escrita da Lauren Oliver é
absurdamente intimista e gostosa de ser lida e, confesso, esse é o meu maior
fraco, poislivros intimistas e bem escritos me deixam extremamente fascinado e
motivado a seguir escrevendo — na esperança de conseguir me aperfeiçoar até
chegar neste ponto, ou além. Mas quem é que não gosta de ler e sentir tudo que
o autor quer que sintamos e, literalmente, imergir e viver tudo pelos olhos das
personagens? Pois é, essa é uma das melhores coisas na leitura e a Lauren sabe
bem como aproveitar isso ao máximo. Ela traz uma vida e aura própria a cada
personagem da série e a consciência disso, mesmo nas mais secundárias, é
fascinante.
Diferente da estruturação
capitular do primeiro livro — que é louvável — a de Pandemônio é
inteligentemente divida em alternados “Antes” e “Agora”, o que é instigante e
permite contar ao mesmo tempo a história das duas Lenas, evitando assim a divisão das mesmas em partes. Achei
esse um ponto realmente inteligente da parte da Lauren e, diferente de alguns,
nem um pouco enfadonho.
Mas será que é realmente
possível enterrar o passado e viver uma vida nova? Descobri a resposta para
essa pergunta entre os passos e tropeços da Lena nessa aventura de tirar o
fôlego e que está perto, muito perto, de acabar. O fim desse livro me deixou
com a seguinte indagação: Como sobrevivo
até o lançamento brasileiro de Réquiem? Estou realmente tentado a tentar
ler a obra em inglês e ainda mais ansioso — se isso for possível — para o
lançamento da série pela Fox, que terá minha Emma Roberts interpretando a Lena.
Mas isso é assunto para outro post.
Separei um dos meus quotes prediletos, só para dar "Aquele" gostinho de quero mais:
Em lugares não regulamentados, cada história tem um propósito. Mas livros proibidos são mais que isso. Alguns são como teias; podemos sentir o caminho que traçam com seus fios, de leve, até cantos estranhos e escuros. Alguns são balões subindo para o céu: completamente independentes, e também inalcançáveis, mas belos de se verem.E alguns deles, os melhores, são portas. (pág. 143)
Assim me despeço, com a promessa de voltar.
E como há braços, abraços.