17 de abr. de 2013

Pandemônio - Lauren Oliver (Delirium #2)

postado por Caleb Henrique

Intrínseca, 2013, 304 páginas. (Skoob) 
.
Dividida entre o passado — Alex, a luta pela sobrevivência na Selva — e o presente, no qual crescem as sementes de uma violenta revolução, Lena Haloway terá que lutar contra um sistema cada vez mais repressor sem, porém, se transformar em um zumbi: modo como os Inválidos se referem aos curados. Não importa o quanto o governo tema as emoções, as faíscas da revolta pouco a pouco incendeiam a sociedade, vindas de todos os lugares… inclusive de dentro.

Avaliação: 5/5


AVISO: Pandemônio é sequência de Delírio (resenha aqui) e se você não leu — e odeia spoilers tanto quanto eu — sugiro que você leia alguma outra resenha ou postagem do blog (a de Delírio, talvez), mas se você não se importa com isso, siga em frente.

Esperei quase um ano por esta sequência e após lê-la incansável e incessantemente, afirmo: A Lauren Oliver realmente sabe como fascinar, devastar, deixar-nos inebriados e, muitas vezes, desesperados durante a leitura; E esse é um dos porquês dela fazer parte do meu roll de autores prediletos.

Lena Haloway ficou no passado, enterrada com tudo e todos que outrora preencheram seus dias. Não há mais espaço para ela na “nova Lena”, só para o agora. Lena Morgan Jones faz parte da resistência. Ela escolheu lutar, embora não sozinha, pela liberdade de escolha e por uma vida livre de amarras, opressões e “zumbis”, mas principalmente por um mundo onde não exista cura e o amor deliria nervosa não mais seja considerado uma doença. Mas essa não é uma batalha fácil e, para ter alguma chance, a resistência precisa entrar no jogo, custe o que custar. E, acredite em mim, o preço quase nunca é barato.

Como disse na resenha de Delírio, acho a premissa dessa série incrível. Não me julgo fã de Distopias, embora goste muito de todas as que li até o momento, mas acho que abordar uma questão tão importante quanto a privação dos sentimentos (e a falta deles) realmente inteligente e instigante. E da mesma forma que Delírio eu simplesmente não conseguia cogitar a possibilidade de largar o livro até termina-lo — nem depois.

A escrita da Lauren Oliver é absurdamente intimista e gostosa de ser lida e, confesso, esse é o meu maior fraco, poislivros intimistas e bem escritos me deixam extremamente fascinado e motivado a seguir escrevendo — na esperança de conseguir me aperfeiçoar até chegar neste ponto, ou além. Mas quem é que não gosta de ler e sentir tudo que o autor quer que sintamos e, literalmente, imergir e viver tudo pelos olhos das personagens? Pois é, essa é uma das melhores coisas na leitura e a Lauren sabe bem como aproveitar isso ao máximo. Ela traz uma vida e aura própria a cada personagem da série e a consciência disso, mesmo nas mais secundárias, é fascinante.

Diferente da estruturação capitular do primeiro livro — que é louvável — a de Pandemônio é inteligentemente divida em alternados “Antes” e “Agora”, o que é instigante e permite contar ao mesmo tempo a história das duas Lenas, evitando assim a divisão das mesmas em partes. Achei esse um ponto realmente inteligente da parte da Lauren e, diferente de alguns, nem um pouco enfadonho.

Mas será que é realmente possível enterrar o passado e viver uma vida nova? Descobri a resposta para essa pergunta entre os passos e tropeços da Lena nessa aventura de tirar o fôlego e que está perto, muito perto, de acabar. O fim desse livro me deixou com a seguinte indagação: Como sobrevivo até o lançamento brasileiro de Réquiem? Estou realmente tentado a tentar ler a obra em inglês e ainda mais ansioso — se isso for possível — para o lançamento da série pela Fox, que terá minha Emma Roberts interpretando a Lena. Mas isso é assunto para outro post.

Separei um dos meus quotes prediletos, só para dar "Aquele" gostinho de quero mais:

Em lugares não regulamentados, cada história tem um propósito. Mas livros proibidos são mais que isso. Alguns são como teias; podemos sentir o caminho que traçam com seus fios, de leve, até cantos estranhos e escuros. Alguns são balões subindo para o céu: completamente independentes, e também inalcançáveis, mas belos de se verem.
E alguns deles, os melhores, são portas. (pág. 143)

Assim me despeço, com a promessa de voltar.

E como há braços, abraços.