24 de out. de 2012

Menina Morta-Viva – Elizabeth Scott

postado por Caleb Henrique


Editora Underworld, 2011, 172 páginas. (Skoob) 
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Era uma vez, eu era uma menininha que desapareceu. Era uma vez, o meu nome não era Alice. Era uma vez, eu não sabia como tinha sorte.
Quando Alice tinha dez anos, Ray levou-a de sua família, seus amigos ― a sua vida. Ela aprendeu a desistir de todo o poder, para suportar toda a dor. Ela esperou que o pesadelo acabasse. Alice agora tem quinze e Ray ainda a tem, mas ele fala mais e mais da sua morte. Ele não sabe é o que ela anseia. Ela não sabe que ele tem algo mais assustador do que a morte em mente para ela. Esta é a história de Alice. É uma que você nunca ouviu falar, e que você nunca, jamais esquecerá.

Avaliação: 3/5

A vida de Alice, não é nada fácil ― sequestrada aos dez, submetida à violência, ameaças e abusos excessivos e constantes por parte de Ray. Cercada pelo pavor constante ela vive e se comporta conforme seu captor deseja, ou melhor, ela espera. Espera ansiosamente que ele finalmente canse e acabe com o sofrimento que a acompanha há cinco anos. Pobre Alice... tão pequena e teve sua vida roubada. Tão nova e já perdeu todas as esperanças. Pobre Alice...


Bom, ao ler a sinopse eu deduzi se tratar de um livro sobrenatural e, confesso, estava parcialmente enganado. Não há nada de natural nesta estória, logo, ainda que não possua monstros épicos, batalhas inumanas ou coisas fantásticas o livro pode ser considerado sobrenatural porque, concordemos, os pedófilos são alguns dos monstros do mundo real.

Pedofilia. Quem diria... Um tema bastante pesado. Por sorte, para os que não possuem sangue frio, a Elizabeth Scott consegue a proeza de tornar toda a dor e monstruosidade absurdamente mais leves. E você se pega lendo, ainda que com receio e por vezes repulsa, em um frenesi incessável na esperança de ser libertado pelo final. Por sorte, isso não demora muito a acontecer, já que é um livro realmente curto, de apenas 172 páginas. Li em apenas uma manhã.

Bom, não há como não se comover com a estória dessa pequena garota que ainda muito nova foi brutalmente arrancada de sua família e teve tudo, inclusive sua própria identidade, roubada por um monstro. É brutal e nos faz refletir sobre coisas corriqueiras, das quais deveríamos dar mais atenção e ver quanta sorte nós possuímos. Aos fãs da psicologia humana, este livro é uma boa pedida para servir de base sobre o assunto em questão. Dei três estrelas, mas não porque o livro seja ruim, pelo contrário, é um ótimo livro, mas ainda que me tenha acrescentado um ponto de vista mais intenso sobre esse assunto, deixou a sensação de que poderia ter tido algo mais. Embora eu tenha gostado da oportunidade e liberdade de moldar o final a bel prazer.

Vamos ao quote:
No fim das contas, o sangue e as lágrimas se parecem porque em certo momento deixam de jorrar. Não podem continuar para sempre. A gente continua – eu ia em frente, vou em frente, acordo, o dia passa, o Ray volta para casa, chega a noite, cama, dormir para acordar e fazer tudo de novo e de novo e de novo ou, como rezamos na missa, para todo o sempre. Amém. (pág. 158)

Assim me despeço, com a promessa de voltar.
E como há braços, abraços. DFTBA!