Toda noite, quando London Lane recosta a cabeça no travesseiro e dorme, cada mínimo detalhe do dia que viveu desaparece de sua memória. Pela manhã, restam-lhe apenas lembranças do futuro: pessoas e acontecimentos que ainda estão por vir. Para conseguir manter uma rotina minimamente normal, London escreve bilhetes para si própria e recorre à sempre fiel melhor amiga. Já acostumada a tudo isso, ela tenta encarar a perda de memória mais como uma fatalidade que como uma limitação. Mas, quando imagens perturbadoras começam a surgir em suas lembranças e London precisa, de algum modo, escapar delas, fica claro que para entender o presente e o futuro ela terá que decifrar o que ficou esquecido no passado.
Tudo
bem, eu errei ao criar muitas expectativas para o livro, afinal, não é de meu
feitio fazê-lo. Não sei se já comentei aqui, mas eu sou completamente paranóico
com spoilers e procuro saber o mínimo possível sobre a trama. É que gosto de
surpresas, então, prefiro deixar os personagens me surpreenderem o máximo
possível. Parece loucura, e talvez seja, mas este sou eu, mas voltemos o foco à
resenha:
A
London só consegue lembrar-se do futuro, logo, seu passado é um imenso branco
para ela. A questão é que em algum ponto da noite (e não apenas quando dorme;
como diz a sinopse) todo o seu dia se apaga e tudo o que lhe resta são suas
próprias anotações. Confesso que de inicio
achei todo o lance do esquecimento e anotações um tanto esquisito e entediante,
mas não demorei muito a me acostumar, e admito que isso talvez tenha ocorrido pelo
fato de minha mente insistir em encontrar alguma falha ou método de burlar o
problema (algo que acontece muito comigo) ou até mesmo conseguir descobrir o
porquê do problema e, rufem os tambores, minha teoria estava 70% correta. Me
senti ao mesmo tempo um gênio por ter conseguido tal façanha e decepcionado por
esperar que ela conseguisse me surpreender com um final totalmente diferente do
que eu havia imaginado.
Muitos
reclamaram da narrativa da Cat, o que não veio a ser o meu caso. Gostei tanto
da narrativa quanto dos personagens. Honestamente, o livro é bom, a história
boa e a trama até que está bem desenvolvida para um livro de estréia. Então o
caso não é de eu não ter gostado, porque eu gostei, mas ao terminar não pude
deixar de pensar: “Imagina uma ideia dessa nas mãos da Lauren Oliver” e
honestamente, sei que a comparação é humilhante e injusta, mas me ocorreu.
Então, sim, eu indico Deslembrança para quem quer uma leitura rápida e boa, mas
aviso: Não crie expectativas demais.
Fiquemos
com uma de minhas citações prediletas:
Lágrimas e mais lágrimas caem nas páginas pautadas em minha mãos enquanto descubro um pesadelo que se tornou realidade. Enxugo-as rapidamente para que não desbotem a tinta. Porque, apesar do aperto no peito que me faz odiar os passarinhos cantando e tudo o mais, sei que precisava ler isto hoje, e que vou precisar ler de novo amanhã.Para mim, ler é lembrar. (p. 194)