25 de jul. de 2012

Delírio - Lauren Oliver

postado por Caleb Henrique


Editora Intrínseca, 2012, 352 páginas. (Skoob) 
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Muito tempo atrás, não se sabia que o amor é a pior de todas as doenças. Uma vez instalado na corrente sanguínea, não há como contê-lo. Agora a realidade é outra. A ciência já é capaz de erradicá-lo, e o governo obriga que todos os cidadãos sejam curados ao completar dezoito anos. Os sintomas são bastante conhecidos, não há como se enganar — mas, depois de experimentá-los, ainda escolheria a cura?

Avaliação: 5/5

É difícil encontrar palavras para definir o impacto que este livro teve sobre mim, tendo em vista a situação em que me encontrava quando iniciei a leitura. Continuar ou não acreditando no amor? Era o que parte de mim insistia em questionar. E então veio a Lauren Oliver que, com seus personagens vívidos e realistas, mostrou as vantagens e desvantagens de uma vida sem esse sentimento. Então, devo avisar de antemão que tentarei ser crítico ao máximo, mas também deixarei meu lado emocional à mostra no decorrer desta resenha.

Delírio é uma distopia, que por sinal é um dos gêneros que mais tem crescido na atualidade. Para quem não sabe muito bem o que é uma distopia, sugiro que leia este artigo explicativo. O livro nos leva a seguinte realidade: Em algum ponto do futuro os cientistas diagnosticaram o amor como uma doença – pensamento que, por sinal, também foi cultuado alguns séculos atrás – e consequentemente desenvolveram uma cura para este mal. Ao completar 18 anos cada cidadão ganha do governo a intervenção (cura), é pareado e tem sua faculdade, emprego e modo de vida determinados pelo mesmo. E é necessário salientar que após a intervenção não haverá mais dor, amor, ódio ou qualquer um desses sentimentos triviais, e as pessoas viverão sempre bem e felizes. Convenhamos, parece um pouco tentador na teoria. Mas esses são apenas os prós. É necessário lembrar que a intervenção não é reversível, mas prefiro deixar que você descubra os contras por si só.

Delírio é um livro ousado, impecavelmente bem escrito e estruturado. A diagramação e epígrafes capitulares são instigantes, o que por sinal é mais um mérito à escritora. Para falar a verdade, a Lena é uma personagem tão real que por muitas vezes esqueci que ela fazia parte do universo de um livro. E não apenas ela, mas a grande maioria deles. A conexão com a trama foi ligeira e agradável e de algum modo inexplicável a Lauren consegue nos prender e deixar sem ar a cada novo capítulo e, bom, eu poderia ficar aqui por horas discorrendo a imensa gama de sentimentos que o livro me trouxe, mas não é necessário. Deixarei que você descubra-os e sinta por si mesmo durante a leitura.

Para os que leram – e os que ainda vão ler - tenho de confessar: Eu faria o mesmo que o Alex.

E se você ainda tem dúvidas entre se arriscar ou não com a leitura, deixo aqui um dos muitos trechos que nunca sairão de minha memória:

Você precisa entender. Não sou ninguém especial. Sou apenas uma garota. Tenho um metro e cinquenta e oito e sou mediana em todos os aspectos. Mas tenho um segredo. Você pode construir paredes até o céu, mas eu encontrarei uma maneira de voar por cima delas. Pode tentar me prender com cem mil braços, mas eu encontrarei um jeito de resistir. E há muitos de nós por aí, mais do que você imagina. Pessoas que se recusam a deixar de acreditar. Pessoas que se recusam a pôr os pés no chão. Pessoas que amam em um mundo sem muros, pessoas que amam em meio ao ódio, em meio à recusa, com esperança e sem medo. Eu amo você. Lembre-se. Eles não podem tirar isso de nós. (Pág. 341)

Assim me despeço, com a promessa de voltar.
E como há braços, abraços.