11 de jul. de 2012

Diário de Bordo #3

postado por Caleb Henrique


Olá, Viajantes!
Como têm passado? Espero que bem. 
Meu humor tem melhorado a cada dia. O que é uma notícia excelente, em minha opinião.
Antes da postagem, acho necessário informar duas coisas: Primeiramente, quanto ao vídeo para a sessão Correeeios!, estou esperando três livros chegarem (o que provavelmente acontecerá antes de sexta) e enfim gravarei o vídeo. Segundo, quanto à sessão sobre adaptações cinematográficas. Estou em débito, eu sei. Já escolhi o filme para o post de estreia, só me resta revê-lo para avaliar justamente. Prometo fazer isso o quanto antes. Dito isto, vamos a mais um texto escrito por mim e aviso de antemão que, diferentemente do anterior, este contém uma boa dose de amargura. Enfim, chega de conversa –  ao menos por ora – e vamos ao que interessa. 


MY SOUL, YOUR BEATS


É estranho estar de volta a essa sala, afinal, quanto tempo faz desde a última vez? Parece ter passado uma eternidade. Meus olhos correm, involuntariamente, por toda a extensão do cômodo e me surpreendo ao encontrar tudo igual: a mesma estante, os mesmos livros, filmes e porta-retratos, as mesmas imagens religiosas e velas, os mesmos quadros pendurados na parede – ao vê-los minha mente me trai e traz a tona uma lembrança aleatória onde você tenta descobrir a família da flor de um deles, fazendo uso de todos aqueles termos biológicos que tanto me confundem. Eu luto contra a lembrança, como tenho feito todos os dias, mas meus olhos continuam a percorrer o cômodo e reconhecer cada objeto inanimado que presenciou aqueles dias. E lá está ele, o sofá amarelo – nosso sofá. E, juro, eu realmente tento desviar o olhar e refrear o turbilhão de imagens, sons, sorrisos que me invadem, mas é tudo tão vívido e real que eu demoro demais para conseguir fazê-lo e quando finalmente consigo, penso: ‘Tenho que sair daqui o quanto antes, antes que seja tarde demais’ e é exatamente o que faço, dou meia volta e começo a sair. Já consigo sentir o vento em meu rosto enquanto corro e parece fazer uma eternidade desde a última vez que o fiz, mas antes que possa alcançar a porta sinto um puxão em uma das mãos. ‘Eu não vou me virar. Vou continuar andando, sair e correr’ – penso – ‘Isso é apenas uma ilusão’ – então ouço sua voz chamando meu nome e meu peito se enche de luz. Tento lutar, em vão, contra o ímpeto de me virar e quando o faço fito-a, mas tudo está tudo muito rápido, o tempo está correndo quando tudo que eu preciso é que ele pare. Titubeio e cedo. Tomo-a em um abraço, que você calorosamente retribui e então tudo some: sofá, telefone, estante, sala; E eu posso fitar o universo, enquanto ouço um coração batendo desesperadamente, o coração que um dia possuí. Minha alma, seus batimentos.
Ainda assim me nego ao impulso de te olhar, pois sei o que acontecerá a seguir. Tum-tum-tum-tum-tum. Sou embalado pelas batidas que aceleram a cada segundo. Fecho os olhos, o medo de tornar a abri-los me consome. ‘É preciso’ – ouço meus próprios pensamentos e então o faço. Como suspeitava tudo não passou de um sonho, mais um. A dor em meu peito é lancinante e você não está ao meu lado. Talvez nunca mais esteja. Mas não há nada que eu possa fazer a respeito, nunca haverá. Penso em fechar os olhos e tentar voltar ao sonho, mas não seria justo comigo mesmo, não agora. Levanto com relutância e caminho para o banheiro. Como imaginei o frio não foi embora, mas eu o ignoro e abro o chuveiro. Mais frio. ‘Hoje eu consigo’ – penso erroneamente, pois elas já me acompanham, caindo em cascata. As lágrimas. Raramente as permito, quero deixar isto claro, mas elas geralmente conseguem escapar durante o banho e o que afinal posso fazer se elas vêm? Sim, me entrego momentaneamente a elas e choro. Como uma criança que faz birra ao não conseguir o que quer. Deixo que elas venham e por alguns instantes me tomem o ar. Não sei por quanto tempo permaneço assim – sentado – e me envergonha ter de admitir isto, mas é necessário ser honesto quanto a minha dor. As lágrimas param. Saio do chuveiro e me direciono ao espelho, escova, pasta e movimentos repetitivos, enquanto evito olhar para mim mesmo. Termino o processo e arrumo coragem. Fito o espelho e sendo honesto, gosto do que vejo, apesar da vontade de atravessar e abraçar aquele garoto de olhos tristes me fitando. Como isto é impossível, dou meu melhor sorriso e digo em voz alta: – É isso aí campeão, mais um dia se passou. Você é mais forte do que imaginou, viu? Então vamos lá, o dia hoje está lindo, abre o peito e deixa a felicidade entrar, sim? Do jeito que combinamos: um-dia-de-cada-vez. – O garoto no espelho sorri de volta – aquele brilho em seus olhos é um sinal de esperança? – termino meu ritual matinal, leio um pouco e já estou pronto para mais um dia. Abro a porta e dou de cara com o magnifico Sol, que me sorri. ‘Talvez um dia o calor volte’ – penso otimista. Caminho em direção a mais um dia... Com a certeza de que não será um dia ruim de todo, pois se a felicidade bater na porta, sem dúvida alguma a deixarei entrar.


Caleb Henrique


Agora é sua vez, conte-me. Como está? O que tem lido (ou está lendo)? O que me indica?
Assim me despeço, com a promessa de voltar.
E como há braços, abraços.