É difícil guardar um segredo quando você o leva escrito pelo corpo inteiro.
Os pais de Willow morrem em um trágico acidente de carro, a deixando não só com a dor de enfrentar uma perda, mas também com o peso da culpa, já que era ela quem dirigia. Sete meses depois, seu irmão mais velho quase não fala com ela, e ela acha que seus colegas de classe a culpam pelo ocorrido. Willow se livra do sofrimento marcando todo seu corpo com as feridas do passado. Mas quando um garoto chamado Guy descobre seu segredo, nascerá uma intensa relação que tentará salvá-la desse mundo estranho que ela mesma criou.
Não é fácil
encontrar as palavras adequadas para o início dessa resenha, já que Willow é um
livro diferente de todos os que já tive oportunidade de ler, pois não só foi
o primeiro com uma temática tão forte quanto a automutilação, mas também o
primeiro a me levar as lágrimas ainda no fim do segundo capítulo. Mas, deixemos
de conversa e vamos falar de Willow e da imensa gama de sentimentos que o mesmo
traz consigo.
O livro tem como
personagem principal a jovem Willow que teve os pais mortos em um acidente de
carro na chuvosa noite do seu aniversário de 16 anos. O pior de tudo? Era ela
quem estava dirigindo. Essa noite mudou a vida dela para sempre. Willow passou
a morar com seu irmão David, sua esposa Cathy e a pequena priminha Isabelle.
Tudo bem, isso não seria o fim do mundo, se ela não fosse tratada como
uma total estranha pelo próprio irmão. A personagem então se rende ao que
costuma chamar de “mundo seguro”, um mundo de dor que causa a si mesma ao se
cortar com giletes. Isso até um garoto surgir do nada e descobrir esse seu segredo obscuro.
Com Willow, a autora
Julia Hoban consegue trazer a tona da forma mais sucinta possível um problema
que vem afetando muitos dos adolescentes atuais, a automutilação. E
compartilhar isso, saber o que a vítima pensa e o que sente ao praticar tal ato
é de uma intimidade tão grande que fez com que muitas vezes eu me envergonhasse
e me sentisse uma espécie de invasor.
A leitura é rápida e
o livro não enrola muito até a aparição de Guy (personagem que sem dúvidas
levará a maioria das garotas aos suspiros) que acontece ainda nos primeiros
capítulos e consequentemente até que ele descubra o segredo de Willow. O que me
fez pensar: “E se fosse eu? E se eu descobrisse que uma garota se corta, o que
eu faria? Fingiria não saber de nada e continuaria vivendo ou tentaria
ajuda-la?” E se fosse você que descobrisse, o que faria? Difícil saber na hora, não?
Dizer mais do que isso revelará mais do enredo do que pretendo, portanto
limito-me a dizer que sim, vale muito a pena arriscar-se na leitura desse
livro, tendo consciência de que o mesmo provavelmente te fará chorar, sorrir ou
surtar de raiva dela e por ela.
Para finalizar deixo
aqui um trecho belíssimo, que é na verdade um de meus preferidos:
- Acabo de entender porque alguém quis fazer o primeiro espelho - Willow piscou surpresa. Isso sem dúvida não era o que ela estava esperando. - Por quê? - Eu acho que um homem apaixonado desejava que sua amada soubesse como ela era para ele. Queria que ela fosse capaz de se ver tal e como ele a via. (pág. 301)
Assim me despeço, com a promessa de voltar.
E como há braços,
abraços.