Dúvida. É isso que te faz sair de onde está. É a dúvida, e não a certeza, que te tira o sossego e bagunça o que estava indo perfeitamente bem. Foi uma dúvida que me fez sair da cama, em plena madrugada, andar a passos lentos e silenciosos em direção àquela pasta. E agora essa mesma dúvida me faz parar e temer o que vou encontrar dentro dela, pois, seja lá o que for, sei que pode me fazer perder de vez o homem que amo.
Avaliação: 5/5 + FAV.
Carregado de ação, dramas, mistérios, o toque certo de amor e doses homeopáticas de humor e sarcasmo, este é um livro pelo qual me apaixonei perdidamente e, sucessivamente, passou a ocupar lugar dentre meus favoritos.
Enquanto
A Chuva Caía, obra que marca o início de uma nova fase
na carreira da Christine M. (Sob A Luz dos Seus Olhos, Meus Melhores Rascunhos e O que não diz a Lenda) — agora
publicada pelo Selo Novas Páginas da
Editora Novo Conceito, é um livro
que esperei com tremenda ansiedade, uma vez que, como beta-reader, tive a honra
de ver de perto cada passo de seu nascimento
enquanto, com o peito inflado de orgulho, vi a Christine conseguir me fazer mergulhar
de cabeça nesse mundo onde os pecados são o estopim para o surgimento de um amor
e uma atração desenfreada entre um casal aparentemente, mas nem de longe, normal
[e quem de nós,
afinal, pode levantar a primeira pedra e dizer que não tem lá sua própria cota de
pecados?].
Erik leva
uma vida dupla. Durante o dia senta em seu escritório e exerce com louvor [OU SERIA TÉDIO?] sua função de consultor, mas
é durante a madrugada que ele arregaça as mangas e limpa a cidade fazendo os
serviços escusos que a polícia lhe encarrega. Interrogatórios, tortura, queima
de arquivo; sempre de gente da pior espécie. É assim que ele leva seus dias — ganhando
bem o suficiente para bancar seu estilo de vida e auxiliar sua irmã mais velha,
Clarice. Mas ser uma espécie de super-herói às avessas certamente traz seus
perigos e assim, ameaçado, Erik recebe um último trabalho, uma ficha limpa e a oportunidade de
recomeçar sua vida, em Nova York.
Marina, jovem
demais para viuvez, carrega consigo não apenas a dor da brusca perda de seu
marido, mas também o peso da responsabilidade de, após o afastamento de seu pai
— agora frequentemente imerso no oceano de seu próprio passado por culpa do mal
de Alzheimer, assumir a presidência da imensa empresa que sua família [não tão
dignamente] ergueu e, custe o que custar, propagar o império
de sua família.
É assim, assombrados pelas dores do passado
e empenhados em construir um futuro, que eles se esbarram. Nenhum dos dois é
inocente, mas o mistério de um atrai o outro e nesse misto de entrega e
resguardo uma pergunta fica no ar: será possível uma aceitação mútua das
verdades [E DAS DORES] que ambos tentam suprimir? Ou além: é possível construir um futuro mesmo depois de descobrir que nesta
história não há mocinha nem herói? Eis o nosso plot.
Tem algo nela que eu não consigo decifrar, parte me diz que se eu me aproximar vai ser encrenca, e a outra diz que ao fazer isso, ela pode fugir. Mesmo assim, eu só quero poder dar mais um passo em sua direção. (pág. 89)
Por sua escrita envolvente e intimista, esse
é um daqueles livros dos quais quanto mais se lê, mais se precisa ser lido. E,
não importa quantas vezes tente, eu nunca serei capaz de definir o quanto a
narrativa da Chris tem o poder de mexer com a mente e o coração do leitor.
Intercalando cenas de ação com uma paixão ardente, eletrizante e não tão
melosa — tudo na medida certa, eu diria — um ar de mistério e uma trama tão bem
desenvolvida e digna de um romance do Sidney Sheldon, Enquanto A Chuva Caía consegue nos prender do primeiro ao último
capítulo sem que, em momento algum, a leitura se torne enfadonha.
Entre todas as pessoas estamos nós, nos conhecendo como se tivéssemos nos escolhido pela impossibilidade, irresponsabilidade e estranheza. Eu, que escondo tanta coisa, sinto que nela existe alguma coisa que eu também não sei o que é. No entanto, não desconfio, não temo e sigo sem indagar demais. (Pág.99)
O livro conta com uma bela e bem pensada estrutura
capitular onde, além de começarem sempre com algum trecho de música ou textos, os
capítulos intercalam entre os personagens — e aqui me cabe o espaço de
parabenizar com uma salva de palmas a Chris pelo excelente trabalho que ela fez
com o Erik, personagem possuidor de características próprias e marcantes, que
em momento pareceu ter sido escrito por uma mulher [E NÃO APENAS ELE]. E já que estou falando de
personagens, me sinto na obrigação de citar mais um dentre os muitos
personagens carismáticos desta obra: O James, melhor amigo da Marina, pupilo da
empresa — e mulherengo assumido — a quem eu só consigo chamar de Jamie [E QUAL FOI MINHA SURPRESA AO VER QUE A MARINA ADERIU O
APELIDO] e que em diversos momentos do livro foi a força que a
Marina precisava para lidar com seus monstros e suas inseguranças.
(...) James imita meu gesto e sorri. Nós nos entendemos desde sempre e ele ainda está aqui. Espero que fique por muito tempo. A vida tem mania de me dar pessoas maravilhosas por prazos insuficientes. Foi assim como a vovó Martha, com o papai e com Adam. Espero que pare por aí e que as pessoas que estão na minha vida neste momento permaneçam por mais tempo. Por um tempo longo, seguro e tranquilo. (pág. 26)
No quesito físico o livro está impecável, a
Novo Conceito fez um trabalho gráfico maravilhoso: capa linda, diagramação
impecável e bela em sua simplicidade — aquela velha história, que eu amo, de conseguir
fazer mais com menos — e eu não poderia ter imaginado de forma melhor.
Enquanto
A Chuva Caía é um daqueles livros do qual você nunca é
capaz de imaginar o tamanho da mudança que vai te trazer até tê-lo lido. É
impossível ler e não refletir sobre si mesmo e perguntar-se se realmente existe
alguém totalmente mocinho ou totalmente vilão. É um daqueles livros que mudam
de forma sucinta e despretensiosa nossa forma de enxergar certos aspectos da
vida. Carregado de ação, dramas, mistérios, o toque certo de amor e doses homeopáticas
de humor e sarcasmo este é um livro pelo qual me apaixonei perdidamente e, sucessivamente,
passou a ocupar lugar dentre meus favoritos. A Christine, uma vez mais, conseguiu
me deixar com aquele gostinho de quero mais e o pensamento de “Puxa vida, eu
adoraria ter escrito isso!” — e adoraria mesmo.
Agora, enquanto ela sorri para mim de um jeito inebriante e só meu, tenho certeza de que, seja lá o que vier, será nosso. Estamos misturados, fundidos, e ninguém separa dois lados da mesma moeda ou duas digitais da mesma nota. (pág. 286)
SORTEIO
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- É necessário residir em território brasileiro.
- O sorteado receberá um e-mail do blog e deve responder até 72h após o contato.
- Resultado em 12/07/2014
Assim
me despeço, com a promessa de voltar.
E
como há braços, abraços.