Eu sei, eu sei. Já tivemos um Diário de Bordo essa semana, mas diante de tamanha tragédia (Santa Maria/RS) meu coração enlutado não se aquietou e eu precisava compartilhar minhas palavras com vocês. Então, sem mais delongas:
Um mundo controlado por pedaços de papéis — como este no qual escrevo —
que nada mais são senão o cadáver de um ser que um dia existiu na natureza.
Papéis estes que estamos fadados a coletar para sobreviver, afinal, foi o que
nos ensinaram quando crianças: “Quanto mais, melhor”, lembra?
E em meus momentos de devaneios — agora, por exemplo — me ponho a
perguntar: De que diabos serve a tal da sociedade, afinal, se olhamos para o
lado e vemos famílias inteiras desabrigadas e famintas? Quando foi que as vidas
começaram a valer menos? Quem nos deu o direito de matarmos uns aos outros? Por
que um jogador de futebol — que não passa de um esporte — ganha milhões apenas
por perseguir e chutar uma bola enquanto a classe trabalhadora acorda cedo,
trabalha muito e recebe menos de um terço da metade do salário de apenas um
deles? Por que tanta má distribuição, afinal?
O mundo está adoecendo e nós em conjunto. Ver a notícia de uma chacina
ou injustiça se tornou tão frequente nos noticiários que as pessoas pouco a
pouco deixaram de se importar verdadeiramente, afinal, se acontece todos os
dias, é normal.
Nessas horas penso igual à Mafalda (Quino):
"E não é que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?"
Então me sinto incapaz, pois fazer a
minha parte não parece surtir diferença e me pergunto quantos mais compartilham
o mesmo pensamento. Quantos mais anseiam por uma mudança brusca em nossa forma
de co-existência? E desejo secretamente que todos pensem assim e estejam
esperando apenas uma iniciativa para abrir suas próprias mentes e deixar de
interpretar o papel de expectadores que há muito assumimos.
E por um mundo melhor, mais justo e
humano, rogo: MAIS AMOR, POR FAVOR!
Caleb Henrique
Que os corações dos familiares desses jovens encontrem conforto.