27 de jan. de 2013

Diário de Bordo #13

postado por Caleb Henrique

Eu sei, eu sei. Já tivemos um Diário de Bordo essa semana, mas diante de tamanha tragédia (Santa Maria/RS) meu coração enlutado não se aquietou e eu precisava compartilhar minhas palavras com vocês. Então, sem mais delongas:

ROBOTS


Pertencemos a um mundo que há muito deixou de ser nosso. 

Um mundo controlado por pedaços de papéis — como este no qual escrevo — que nada mais são senão o cadáver de um ser que um dia existiu na natureza. Papéis estes que estamos fadados a coletar para sobreviver, afinal, foi o que nos ensinaram quando crianças: “Quanto mais, melhor”, lembra?

E em meus momentos de devaneios — agora, por exemplo — me ponho a perguntar: De que diabos serve a tal da sociedade, afinal, se olhamos para o lado e vemos famílias inteiras desabrigadas e famintas? Quando foi que as vidas começaram a valer menos? Quem nos deu o direito de matarmos uns aos outros? Por que um jogador de futebol — que não passa de um esporte — ganha milhões apenas por perseguir e chutar uma bola enquanto a classe trabalhadora acorda cedo, trabalha muito e recebe menos de um terço da metade do salário de apenas um deles? Por que tanta má distribuição, afinal?

O mundo está adoecendo e nós em conjunto. Ver a notícia de uma chacina ou injustiça se tornou tão frequente nos noticiários que as pessoas pouco a pouco deixaram de se importar verdadeiramente, afinal, se acontece todos os dias, é normal.

Nessas horas penso igual à Mafalda (Quino):
"E não é que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?"

Então me sinto incapaz, pois fazer a minha parte não parece surtir diferença e me pergunto quantos mais compartilham o mesmo pensamento. Quantos mais anseiam por uma mudança brusca em nossa forma de co-existência? E desejo secretamente que todos pensem assim e estejam esperando apenas uma iniciativa para abrir suas próprias mentes e deixar de interpretar o papel de expectadores que há muito assumimos.
E por um mundo melhor, mais justo e humano, rogo: MAIS AMOR, POR FAVOR!

Caleb Henrique



Que os corações dos familiares desses jovens encontrem conforto.
Assim me despeço, com a promessa de voltar.
E como há braços, abraços.