20 de set. de 2012

Branca como o Leite, Vermelha como Sangue – Alessandro D’avenia

postado por Caleb Henrique


Bertrand Brasil2011, 368 páginas. (Skoob)
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Um romance sobre o ano mais intenso na vida de um jovem, em que ele aprende a lidar com os próprios sentimentos e, consequentemente, com seu amadurecimento. (...) Apesar de toda a rebeldia, Leo tem um sonho que se chama Beatriz. E, quando descobre que ela está terrivelmente doente, Leo deverá escavar profundamente dentro de si, sangrar e renascer para a vida adulta que o espera.

Avaliação: 5/5 + FAV.

Branca como o leite, vermelha como o sangue é vermelho.
Vermelho como os cabelos de Beatriz e, principalmente, como o amor.



Conheci Branca como leite, vermelha como o sangue através de um blogue. Li a sinopse e foi fatal: me apaixonei. Demorei alguns meses até comprá-lo, mas quando o fiz, não demorei a devorar o livro que, por sua vez, entrou nos favoritos.
  
Se trata de um monólogo do personagem Léo, jovem de dezesseis anos que como a maioria dos garotos de sua idade é imaturo e só se preocupa com coisas como vencer o campeonato de futebol da escola, sobreviver à mesma, montar uma banda, sair por aí com sua motoneta e, como ele define: “fugir do branco”. E através de Léo somos apresentados a Niko, Silvia, o Sonhador o professor substituto e, é claro, Beatriz: a dona de seu coração e razão pela qual ele vai todas as tardes ao ponto de ônibus em frente à escola. Um amor platônico mas nem por isso menos real.
  
D’avenia consegue com sua forma bela, poética e ainda assim despojada de escrever ou como eu prefiro definir: passar sua alma para o papel nos transformar através de suas marcantes personagens, algumas por mim citadas há pouco. Sinto necessidade de destacar Niko, o melhor amigo que sempre está lá para ajudar o Léo a fugir do branco, do vazio dos pensamentos, do tédio. É o melhor amigo que todo cara já teve, que arrota e te propõe desafios. Sem ele, o Léo seria só mais um cara normal e Os Piratas não existiriam. A Silvia, por sua vez, é aquela amiga que todo mundo tem: que ouve suas incertezas, loucuras e bobagens e sempre tem o conselho certo na ponta da língua, como uma espécie de Anjo da Guarda o Léo sabiamente a define Silvia é azul. Assim como todos os amigos de verdade devem ser. Temos também O Sonhador, professor substituto (ou um fodido como o Léo insiste em definir) da “pior” espécie: Um daqueles que ama o que faz. Tenho de admitir que dentre as poucas páginas passadas em sala de aula, as d'O Sonhador são minhas prediletas. Sempre com uma boa história, um ensinamento — ambos, quiçá. Sempre com aquele brilho nos olhos, um brilho de alguém apaixonado, de que tem um sonho e vive-o a cada dia. E, por fim, mas não menos importante temos Beatriz, que mesmo no auge da dor é forte. Vermelha. Tal qual seus belos cabelos. Vermelha como o amor. Esses são só alguns dos marcantes personagens que nos esperam nessas deliciosas páginas cheias de cores, sentimentos e lições de vida.

O livro é de leitura rápida, mas não no sentido de apressada ou ligeira; por favor, não me entenda mal. Defini como ‘rápida’ pelo fato de ser deliciosa e nos deixar com água na boca pela próxima página. Tudo acontece ao seu próprio tempo e antes que possamos perceber estamos lidando com o precoce amadurecimento da personagem e, melhor, amadurecendo junto a ele. Sabe aquele livro em que mesmo antes do término você tem aquele feeling de que será carregado para onde quer que você vá, pois estará ali, bem guardado, no fundo do seu coração? Pois é, esse livro foi assim para mim: marcante. Vou além e defino-o como puro sentimento, pois é o que ele é e nos proporciona; Ao fim de alguns capítulos você estará sorrindo animado, em outros: suspirando. Talvez haja alguma lágrima a sua espera, mas insisto em afirmar que é impossível terminar este livro e não levar algum aprendizado, força ou afeto. Absolutamente impossível.

E para finalizar com aquele gostinho de quero mais. Deixo o seguinte quote:

- Você acha que eu poderia ser até um escritor?
- Me conte uma história...
Permaneço em silêncio. Fito uma estrela mais vermelha do que as outras, cintilante.
- Era uma vez uma estrela, uma estrela jovem. Como todas as estrelas jovens, era pequena e branca como leite. Parecia quase frágil, mas isso era só o efeito da luz que ela liberava, e que a tornava quase transparente, toda luz. Era chamada de Anã, porque era pequena. Branca, porque era luminosa como o leite: Anã Branca, Anã para simplificar. Ela adorava girar pelo céu e conhecer outras estrelas. Com o passar do tempo, Anã cresceu e se tornou Vermelha e grande. Não era mais Anã, mas Gigante, Gigante Vermelha. Todas as estrelas a invejaram por sua beleza e seus raios vermelhos, como cabelos infinitos. Mas o segredo da Gigante Vermelha era continuar Anã dentro de si. Simples, luminosa e pura como Anã, embora parecesse gigante e vermelha. Por isso Anã Vermelha continua a cintilar no céu do branco ao vermelho e vice-versa, porque é as duas coisas simultaneamente. E não existe beleza mais bela do que ela no céu. E na terra.
(pág. 238).


Assim me despeço, com a promessa de voltar.
E como há braços, abraços.