29 de jul. de 2013

Diário de Bordo #21

postado por Caleb Henrique


Olá, Viajantes!
Vez ou outra posto algum escrito pessoal por aqui e este é o caso do hoje. Vamos lá?

PARA NÃO DIZER QUE EU NÃO FALEI DE TRISTEZA



Há dias em que acordo triste, tão triste que o simples pensamento de precisar levantar da cama preenche todo o peito com tamanha angústia que faz-me determinar que esse será um dos meus maus dias. Às vezes levanto, pois o trabalho me obriga e eu, nem de longe, preciso de mais motivos para estar assim. Às vezes, nos fins de semana, fico na cama mesmo. Ouço a chuva, quando ela vem; e o ruído do ventilador quando não. Nesses dias, nem por um milésimo de segundo, me ocorre que a vida pode me surpreender e que ela tende a acontecer fora da cama e das cobertas (salvo exceções). Então fico assim, deitado, tomado por uma melancolia velada que faz parte de minha estrutura. E que mal há nisso, afinal? É preciso conhecer a tristeza para saber distingui-la da felicidade. Eu conheço, abraço e aceito as minhas e isso nem de longe faz de mim um covarde, pelo contrário. Raramente choro, é verdade. Gosto de pensar que as guardo para ocasiões importantes, como aquela camiseta xadrez que comprei há um mês ou dois. Nesses dias, porém, surpreendo-me ao descobrir um amigo em mim mesmo — e com a quantidade de amor que sinto pelo ser humano que sou, mas tenho principalmente a certeza de que eu nunca vou estar realmente no fundo do poço, porque esse meu amigo-secreto, que já me descreveram como luz, não deixará. Dias assim são importantes, porque neles redescubro meus medos e frustrações. Minha humanidade. Neles eu tenho certeza de possuir o maior de todos os amores: o amor próprio. Hoje eu acordei assim, mas qualquer alarde se faz desnecessário. Aos amigos lembro apenas: eu tenho "minhas três palavras".


Caleb Henrique


Assim me despeço, com a promessa de voltar.
E como há braços, abraços.